Proque usariamos palavras, de qualquer modo? Tão imperfeitas - cada palavra boa somente para o propósito microscópico para o qual foi criada e nada mais. Tentar expressar o sentimento dessa transiçãi utilizando palavras é como tentar emoldurar uma maçã.
Sem poesia, só sensação. Um número infinito de cores, tudo negro - as cores vibrantes da dor através de olhos fechados. Um muro de pele me tocando - fogo dentro do meu cérebro - calor, escuridão e barulho.
Engulo, e nesse engolir ele penetra em minha alma.
A pele se rompe. Eu passei, e somos um - minha mente gira em torno da dela está unida à dela Sua mente é fria e dura, como uma jóia. Eu me aperto nela, saboreando seu frio no calor da escuridão. Ela fica em silêncio - mas não há silêncio a ser quabrado, mesmo se ela tivesse razão para isso. Um sussurro passa por nós. É quente, também - vem dele o calor que sinto? Com ele vem uma dor aguda.
E depois? Outros? Ali está seu criador, escondido nas frestas de meu cérebro. Talvez eu esteja tendo alucinações. Porém, não estou em condições de fazer diagnósticos - porém sou meus sentidos agora. Apesar de ter certeza de que não vejo ninguém, sinto a presença de outras pessoas, outros pensamentos, como uma respiração em meu pescoço.

Está tão quente. O calor é imenso, mas não sufocante - eu sinto espasmos de energia, não a pressão de ser sufocada. O calor pulsa atrás de meus olhos. Como eu esperava, meu corpo está legado contra o metal, mas o calor - .

Um corpo. Tenho um corpo. Choques de dor o atravessam. Sou imenso de novo, uma massa fria presa a uma placa de metal. Meus olhos se abrem e eu tento gritar quando vejo a luz. Minha boca se abre silenciosamente e a dor piora. Não sinto meus membros - só a dor e o calor em minha cabeça e o vazio no tórax. Sou uma vítima de grangrena colocada ao lado da fogueira - a agonia da necessidade, da vida, é imensa. Tento gritar de novo, mas não emito nenhum som.
A correia em torno de minha cabeça afrouxa e eu me mexo tanto quanto posso. Os gritos dentro de minha cabeça são ensurdecedores. Sinto asas de morcego rasparem em meu olhos e os fecho desesperadamente, mesmo sabendo que são somente cachos de meu cabelo. As correias tangem enquanto me debato contra elas, e o som é como uma colusão de icebergues. O metal que toca minha pele é gelado, mas não é nada compradado à fome que sinto.
Ela coloca meu proprio sangue em meus labios, e eu engulo com tanta vontade quanto um recém-nascido. A cacofonia diminui um pouco com cada gole, e sinto o líquido ainda morno fluir em meus tecidos sedentos. Cada célula se regozija enquanto o sangue se espalha dentro de mim, trazendo um calor doloroso com ele.
Finalmente , eu fico sugando um tubo vazio, tentando sorver as ultimas gotículas. Então o tubo é removido e um pano limpa meus lábios. Abro meus olhos e o mundo aparece, frio e brilhante em tons de branco e metal. A claridade dá medo. Ela está a meu lado, e eu vejo a riqueza dos tons de mármore e das águas do oceano sobre ela, perfeitamente, como um fotógrafo. Quero fazer algo, mas não sei o quê. Eu não deveria estar tentando respirar? [...]
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